quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Momento de Recuar

Quando eu tinha por volta de uns 14 anos mais ou menos, tocou a sirene de final do recreio no colégio e saí correndo desembestada (sei lá porque eu queria tanto voltar logo para a aula mas enfim...); no meio do caminho havia uma rede de voleibol estendida e eu "enganchei" o rosto naquilo pois não havia abaixado o suficiente para passar.

Ao invés de inteligentemente recuar e passar com mais calma e com a cabeça mais baixa, eu insisti e fui puxando e puxando a rede (com a cara) até ela ficar beeeem esticadinha e voltar com tudo, arranhando metade do meu rosto. Resultado que parecia que eu havia brigado com um gato. Ficou uma cruz marcada num olho, na testa, um horror.

Não só neste episódio mas em outros, percebia a dificuldade minha e dos outros em recuar. Se eu andei já 5 km, não posso "desperdiçar" isto. Então eu andarei 20km a mais do que o necessário para não desperdiçar os 5 anteriores. Algo assim.

Saber voltar atrás, reconhecer o erro, dar a volta, retornar. Parar. Neste mundo em que tudo é tão corrido, esta prática fica sempre mais e mais difícil. Entretanto percebo que, passados muitos anos desde o episódio acima e percebendo a necessidade de recuo, qunado o faço, a sensação de alívio é (juro!) de economia.

Sinto que me poupei e creio que esta sensação vem principalmente de saber quanto vale 5 e quanto vale 20. Além de que hoje, sei também que 5 andados à toa não necessariamente representam uma perda. Muito pelo contrário, pode ser um ganho de experiência, algo que não irá se repetir nem hoje nem nunca mais pois a lição foi aprendida.

Parar e retornar. Sempre que necessário. Acredite: a paisagem de volta sempre é diferente da de ida e a volta pode significar ganhos além de evitar perdas maiores.

(imagem: JB Online)

2 comentários:

  1. as vezes é melhor recuar em uma situação de risco do que entrar de vez e quando for querer sair não dá mais tempo, belo texto o seu vou procurar segui-lo.

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