segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Poder-Sobre e o Poder-Para

Continuo com "Poder&Amor" de Adam Kahane e a cada página os conceitos vão ficando mais claros e tão facilmente encaixáveis ao que observamos em nosso dia a dia. Fiz questão de sublinhar este trecho:

"O lado generativo do poder é o poder-para, a que Paul Tillich se refere como impulso para a autorrealização. O lado degenarativo, sombrio, do poder, é o poder-sobre - o furto ou a supressão da autorrealização do outro."

Ele segue desenvolvendo este conceito colocando que muitas vezes aquele que exerce o poder-para tem um limite para tanto. Na verdade, é um poder-sobre disfarçado. Ele faz pelo outro, desde que o outro ande conforme sua cartilha. Caso fuja do caminho traçado ou esperado, ele exerce o poder-sobre justificando-se inclusive com "fiz de tudo mas a pessoa não quer se ajudar".

Infelizmente cheguei a sentir calafrios me lembrando da quantidade de pessoas que conheci que exercem ou exerceram em algum momento este tipo de poder. Verifiquei momentos em que essa ação se inicia com uma declaração de cuidado, algo como "estou fazendo isso pois me preocupo com vocês".

Não por acaso nunca fui fã do estilo de líderança paternalista. Sempre preferi particularmente pessoas que liderassem respeitando o fato de que trabalham com adultos. Mas, por incrível que pareça, o mundo está cheio de pessoas querendo ser "pais" e outros tantos doidos para serem "adotados".

Não acredito que isso gere desenvolvimento nem de projetos e muito menos de pessoas. É como se o setor ou empresa fosse um pequeno reino e o líder, por consequência, o reizinho. E algumas vezes percebi que estes "reizinhos" acabam tão convencidos de seu reinado que mesmo no "mundo lá fora" apresentam comportamentos de soberania questionando, rompendo leis e brigando com autoridades verdadeiras.

Enfim...pensar nas diferenças entre ser um líder servidor que realmente faz pelo liderado, pela empresa e comunidade e o líder soberano que imagina precisar cuidar de todos pois sem isso talvez os mesmos não pudessem sobreviver. Ele não cuida do outro. Ele cuida única e exclusivamente de si próprio (às vezes inconscientemente).

A fundamental diferença entre "Eu penso que o melhor para você agora seja..." e "Gostaria de conversar com você sobre as alternativas que temos para a sua atual situação. Quais são suas ideias no momento?"


(site da imagem: overmundo.com.br)

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